quinta-feira, 29 de maio de 2008

Modelo de tratar doenças «falhou», diz Ronald Klatz

A medicina centrada no tratamento de doenças «falhou» e por isso o caminho a adoptar terá que ser a prevenção, defendeu hoje o «pai» do termo medicina anti-envelhecimento, o norte-americano Ronald Klatz. Presente no primeiro Congresso Ibérico Anual sobre medicina anti-envelhecimento, a decorrer até sábado no Estoril, o especialista contou à Lusa a dificuldade que teve em fundar a Academia Americana de Medicina Anti-Envelhecimento por os próprios médicos acharem que os efeitos do tempo eram irreversíveis. «Os críticos diziam ser uma heresia tratar a idade como uma doença», lembrou Klatz, acrescentando que muitos dos especialistas que colaboraram inicialmente chegaram a perder fundos para investigação. No entanto, 90 por cento das horas da prática médica é gasta em doenças provocadas pela idade (diabetes, patologias cardiovasculares ou neurológicas), contra os 10 por cento investidas em problemas infecciosos e genéticos que afectam maioritariamente jovens, argumentou. A própria medicina anti-envelhecimento acaba por ser exercida por todos os médicos: «trata-se de prevenir, detectar e tratar precocemente».
«A Medicina anti-envelhecimento é um eufemismo para os avanços nas medicina, como os exames tecnológicos, e não é uma molécula que se quer manter ultra-secreta», assegurou à Lusa. «Não vamos esperar que uma pessoa sofra um ataque cardíaco quando os primeiros sinais podem surgir 30 anos antes, nem que um cancro se desenvolva porque se for detectado precocemente é curável em 95 por cento das situações», exemplificou. Sobre a ideia que o anti-envelhecimento se reduz às questões estéticas, o médico responde que apenas 20 por cento da equação desta medicina diz respeito a essas preocupações. «O que se quer é que as pessoas também estejam bem e bonitas por dentro, mas também ninguém quer parecer um fóssil», afirmou. Klatz sublinhou que «não está nas mãos das pessoas a imortalidade» até porque a «marcha do relógio não se pode parar», mas pode-se garantir maior qualidade de vida através de medicamentos inovadores e do «estilo de vida anti-envelhecimento».
Estudos referem já que a geração «baby-boom» (nascidos na década de 1960) poderá viver até aos 100 anos «com grande qualidade de vida» se aproveitar a «revolução» clínica, ser «auto-herói e não esperar pelos médicos», seguir uma boa alimentação com anti-oxidantes, fazer exercício, dormir bem e mentir sobre a idade. «Quando se diz que se está velho, é porque se está a desistir e fica-se pronto para ir para o túmulo», resumiu. A «revolução» na medicina passa também pelo uso das células estaminais, «que não só tratam, como curam». «Não há qualquer argumento válido, apenas político, para que não se utilizem. Não se trata de matar bebés, porque podem ser usadas células da placenta e os embriões usados em tratamentos de fertilização, que de outra maneira seriam deitados fora», disse.
http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?section_id=62&id_news=334771&page=2 Notícia publicada em 29-05-2008

Sem comentários: