quarta-feira, 21 de maio de 2008

Embriões humano-animal legalizados no Reino Unido

Numa decisão histórica e após um aceso mas civilizado debate de várias horas, os deputados britânicos decidiram, hoje ao fim da tarde, por 336 votos contra 176, aprovar a geração de embriões mistos de humano e animal, o primeiro ponto crucial da futura nova lei sobre fertilização humana e embriologia.Os embriões híbridos podem ser de diversos tipos: “cíbridos”, obtidos introduzindo o núcleo de uma célula humana adulta (com todo o seu ADN) num ovócito de animal (de vaca) esvaziado do seu próprio núcleo; os embriões humanos transgénicos, obtidos inserindo genes animais em embriões humanos; as “quimeras”, obtidas introduzindo células animais num embrião humano – e os híbridos verdadeiros, cruzamentos de gâmetas (espermatozóides ou ovócitos) humanos e animais. Aliás, a derradeira prova da abertura de espírito dos deputados foi o facto de terem também votado, por 286 votos contra 223, contra uma proposta de proibir a geração destes híbridos verdadeiros. Claro que os embriões só poderão ser fabricados se se provar previamente que a investigação para a qual vão contribuir é necessária e útil. E, seja qual for o tipo de embrião híbrido gerado, apenas será permitido desenvolverem-se durante 14 dias e nunca serão implantados no útero de uma mulher ou de um animal.Mas a categoria mais importante para os cientistas é a dos cíbridos, que são 99,9 por cento humanos e 0,1 por cento animais, porque a possibilidade de os produzir vem suprir a escassez de embriões humanos, vindos dos protocolos de fertilização in vitro, que tem dificultado a investigação médica na área das famosas células estaminais embrionárias (CEE) humanas. Graças à nova lei, os cientistas vão poder utilizar ovócitos de animais (muito mais abundantes) para tentar derivar, destas bolinhas de células, as ditas CEE humanas que consideram indispensáveis para estudar, no laboratório, doenças incuráveis como o Alzheimer e muitas outras.
Notícia publicada em 19-05-2008

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